O INÍCIO

     O peixe do reverendo Guppy iniciou no mundo em 1908, importado por alemães, naquela época a Alemanha era o país avançado em aquariofilia. O Segundo Reich, regido pelo Kaiser Guilherme II, tinham acesso a peixes ornamentais das mais diversas regiões do mundo. Todavia, os meios de transporte eram precários, demorando a viagem várias semanas; havia uma altíssima taxa de mortalidade e a elevação de preço. Segundo Uwe Peter Kohnen, no seu livro “O Guppy, criação e desenvolvimento”, um casal de guppies podia custar oitenta marcos em moedas de ouro.


     Os primeiros casais de millionenfisches, foram adquiridos por pessoas abastadas, em suas estufas, reproduzindo admiravelmente. O advento da Primeira Guerra Mundial (1914 e 1918), determinaram a estagnação da aquaricultura, situação que perdurou até o grande movimento de reconstrução nacional do final da década de 40 e início dos anos 50.

     Os lebistes foram introduzidos nos Estados Unidos, conquistando um público cativo. Os autores de artigos em publicações especializadas referiam-se aos peacock fishes (peixes pavão). Note-se que falamos de guppies selvagens. Referiam-se também os articulistas à variabilidade da espécie: “No two fish are alike in color and markings”. No decorre da década de 20 selecionaram algumas variações, principalmente no que se refere à conformação da nadadeira caudal, surgindo tipos como espada alta, espada baixa, alfinete, dupla espada, e outros.

     Assim, passaram a ser utilizados como animais de laboratório, sobretudo em pesquisas de fisiologia e genética. No Japão os guppies chegaram no início da Era Showa, aí por volta de 1926, ficando inicialmente restritos aos grandes aquários públicos.

     Aproximava-se um período sombrio para a economia mundial e a grande depressão. Com a eficácia das medidas anti-recessivas, inicia-se nova fase na aquariofilia, sendo fundados clubes e associações, especialmente nos Estados Unidos e na Inglaterra. No início dos anos 30 a produção interna desses países já supria inteiramente a demanda, não mais sendo necessária a importação de guppies selvagens; além disso as raças de aquário já diferiam sobremaneira das raças selvagens quanto ao tamanho, padrão de cores e formato das caudas, embora mantivessem a característica de não existirem dois machos exatamente iguais. Tal fato ocasionava em 1934, diferença de preços, um casal custava em Nova Iorque, dependendo de sua conformação, entre meio dólar e 20 dólares.

     Graças ao trabalho combinado de geneticistas e hobistas, desenvolveram-se as variedades gold, blond e albina. Uma nova e terrível guerra mundial irrompe, ocasionando um hiato de mais alguns anos. No pós-guerra as sociedades e clubes se reorganizaram, realizando as primeiras exposições e concursos, de caracteres nacionais e internacionais.

     Entre os óguppista só daquela época um nome se destaca: Paul Hahnel - um marceneiro de ascendência alemã. O norte-americano Hahnel desenvolveu, através de paciente trabalho seletivo, as primeiras raças modernas de guppies. Bem conhecido na América, Paul Hahnel alcançou projeção mundial a partir de 1954, durante a primeira exposição internacional de guppies, realizada na então Alemanha Ocidental, onde faturou os três primeiros lugares nas classes em que participou, feito que repetiu no ano seguinte. Desde então estas grandes exposições internacionais têm sido realizadas anualmente na Alemanha. A partir de 1960 a Áustria também passa a realizar uma exposição anual, tendo ficado famoso o show ocorrido em julho de 1968, em Viena, o qual recebeu ampla cobertura fotográfica da revista Tropical Fish Hobbyist de novembro daquele ano (vol.XXI, n o 11). A guppimania que dominou a década de 60, tomou novo impulso a partir deste evento, atingindo o auge em meados da década de 70. A edição de abril de 1974 daquela revista trazia nada menos do que seis anúncios de firmas oferecendo casais ou trios descendentes de linhagens campeãs, sem contar os materiais correlatos, como: ração em flocos específica para guppies, criadeiras automáticas, entre outros.

     Os peixes mais caros eram das raças arlequim (red Half black) e viúva negra (black orchid), do criador L. Wasserman, cotados a US$45,00 cada trio. No Japão a popularização do guppy deu-se em 1959, mas este relativo atraso foi rapidamente compensado. Os japoneses não pouparam esforços nem dinheiro para atingirem seus objetivos. Hiroshi Waizumi, por volta de 1964 casais de guppies de procedência alemã ou norte-americana chegavam a custar de 150.000 a 200.000 ienes ou seja, de 750 a 1.000 dólares, ao câmbio da época. Com tal motivação, os resultados não se fizeram esperar, criando uma raça nipônica, um verdadeiro guppy glass. Outro povo asiático de Singapura, que contando com incentivos governamentais apurada seleção e uso intensivo de anabolizantes, produziram peixes fantásticos, realmente inacreditáveis. Visando unicamente a exportação, e com uma produção de nível industrial, causaram a queda dos preços no mercado internacional, contribuindo para o término da idade de ouro dos guppies. No entanto, a grande maioria das raças de Cingapura não presta, por serem resultado de cruzamentos múltiplos e submetidos a tratamentos hormonais.